Gênesis 1:1 afirma:
No princípio, Deus criou os céus e a terra.
Um versículo, repleto de verdades que alteram a maneira como vemos Deus, a nós mesmos e o mundo em que vivemos. É esse versículo que inicia a narrativa das escrituras. É esse versículo que marca o início de nossa história como povo criado por Deus.
Quando Deus criou, Ele não criou apenas uma terra para seu povo habitar. Deus também criou os céus. Sutil, porém profundo, desde o início Deus nos comunicou por meio de Sua Palavra que há dois mundos em jogo. Um em que habitamos com corpos físicos. Um com o qual nos envolvemos em espírito.
É um reino invisível, não visível aos olhos naturais, que muitas vezes ignoramos. Mas é esse reino que desempenha um papel vital em nossa história como povo de Deus.
Dr. Michael HeiseR afirma:
A história da Bíblia é sobre a vontade de Deus e o governo dos reinos que ele criou, visíveis e invisíveis, por meio dos imaginários que ele criou, humanos e não humanos. Essa agenda divina é executada em ambos os reinos, deliberadamente em conjunto.
A pergunta não é: existe um reino invisível?
A verdadeira questão é: como navegamos, entendemos e nos envolvemos com esse reino invisível?
O que é o reino invisível?
No livro de Salmos do Antigo Testamento, o capítulo 82 fala de uma “grande assembleia” presidida por Deus.
Deus preside a grande assembleia; ele faz o julgamento entre os “deuses”.
Essa assembleia divina de outros “deuses” forma a base das Escrituras para o reino invisível. Um reino sobrenatural de seres divinos que governam aspectos do nosso mundo, com Yahweh Deus reinando supremo.
Esse conselho de outros seres divinos existe no reino invisível, em constante interação com o mundo natural e visível. E para os antigos leitores das Escrituras, o reino invisível não era apenas um conceito, mas uma realidade vivida.
Para o público para o qual o Salmo 82 foi escrito, a ideia de uma assembleia de outros deuses era normalizada, pois a adoração de ídolos era predominante. Esses antigos leitores das Escrituras estavam acostumados à prática da adoração de ídolos, com a crença de que esses vários ídolos abrigavam a presença de deuses que existiam no reino invisível.
No entanto, a ideia de um reino invisível ou de uma assembleia de outros seres divinos soa estranha para os leitores modernos das Escrituras. Especialmente para aqueles de nós que chegam às Escrituras com ideais e pressupostos ocidentais.
Em seu livro The Unseen Realm: Recovering the Supernatural Worldview of the Bible, o Dr. Michael Heiser expõe a questão de por que esse conselho existe quando ele afirma:
O que Deus precisa em um conselho? Essa é uma pergunta óbvia. Sua resposta é igualmente óbvia: Deus não precisa de um conselho. Mas está claro nas escrituras que ele tem um. Na verdade, a pergunta é semelhante a outra: O que Deus precisa em relação às pessoas? A resposta é a mesma: Deus não precisa de pessoas. Mas ele as usa. Deus não depende dos seres humanos para realizar seus planos. Deus não precisa de nós para o evangelismo. Ele poderia salvar todas as pessoas que quisesse apenas pensando nisso. Deus poderia acabar com o mal em um piscar de olhos e levar a história humana ao fim que deseja a qualquer momento. Mas ele não o faz. Em vez disso, ele executa seu plano para todas as coisas na Terra usando seres humanos. Ele também não é incompleto sem a nossa adoração, mas ele a deseja. Não estou dizendo que a questão de Deus precisar ou não de um conselho é inútil. Estou dizendo que isso não é um argumento contra a existência de um conselho divino.
O conceito da existência de outros deuses, bem como de um conselho que governa abaixo de Yahweh Deus, parece contrário a muito do que entendemos como leitores modernos das Escrituras. Mas esse reino invisível é uma realidade bíblica e desempenha um papel vital na narrativa das Escrituras, bem como no plano geral de Deus para Sua criação.
Como entender e navegar no reino invisível
O escritor de Efésios nos diz:
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as autoridades, contra os poderes cósmicos das trevas atuais, contra as forças espirituais do mal nos lugares celestiais.
Vivemos em um mundo natural, presentes em um corpo físico. Mas há outro reino que existe. E esse reino invisível é real e ativo, com poderes em jogo e forças em ação.
Porém, muitos de nós hoje lemos as Escrituras por meio de lentes diferentes das dos antigos leitores orientais para os quais a Bíblia foi escrita. Por isso, é imperativo que recuperemos uma visão de mundo antiga e sobrenatural das Escrituras.
Para ver a Bíblia com os olhos de um leitor antigo, você precisa se livrar dos filtros de nossas tradições e presunções. Eles processavam a vida em termos sobrenaturais. O cristão de hoje a processa por meio de uma mistura de declarações de credo e racionalismo moderno.
Para que possamos entender o reino invisível, precisamos remover nossos filtros ocidentais e aprender a ler e interpretar as Escrituras com as lentes de seus antigos leitores orientais.
É por meio desse processo que as passagens das Escrituras que antes eram ignoradas ganham vida, e os lugares que fizemos analogia para ajudá-las a fazer sentido se tornam claros. Para começar a entender o reino invisível, precisamos começar aprendendo a ler as
Escrituras como as pessoas para quem elas foram escritas.
Para começar a navegar e entender o reino invisível, criamos um curso especificamente desenvolvido para ajudar você a descobrir o que a Bíblia tem a dizer sobre esse conceito antigo que tem implicações enormes para nossa fé hoje.
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